O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que o governo esteja segurando os preços de energia, gasolina e outros preços administrados, como disse o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) ao Jornal Folha de São Paulo, em entrevista publicada nesta quarta-feira (14).
Segundo Mercadante, o governo federal lança mão desse expediente para evitar impactos nos índices gerais de inflação.
Mantega rebateu Mercadante, falando que que houve reajustes recentes de gasolina e da alta da energia elétrica, que aconteceu na contramão da garantia da presidente Dilma Rousseff de que a conta de luz ficaria 20% mais barata com a renovação das concessões do setor elétrico.
“Nós temos feito sim reajustes. Maior exemplo é o preço da energia, que subiu 18%. Onde está o represamento dos preços?” afirmou o ministro, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, para discutir a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras.
“Gasolina tem tido aumentos todo ano no Brasil. Não é verdade que tarifas são represadas”, emendou o ministro, que se negou a comentar se haverá reajustes esse ano.
Segundo Mantega, todos os anos a gasolina subiu mais que a inflação, numa média de dois reajustes por ano.
Até abril do ano passado, os preços praticados no Brasil estavam alinhados com os preços internacionais, mas que a retirada de estímulos do banco central americano no ano passado e a flutuação cambial provocou um “desalinhamento”.
Mantega afirmou que não há falta de energia elétrica no país, mas falta de água em alguns lugares.
Segundo o ministro, o governo federal fez um “modelinho” para que pudesse dividir o ônus da falta de chuva com distribuidoras e consumidores.
No início do ano, o Tesouro comprometeu-se com R$ 9 bilhões para o setor elétrico, mas teve que reforçar esse repasse com mais R$ 4 bilhões.
Questionado se a conta do Tesouro não é do contribuinte, Mantega disse que sim, mas que o governo procurou fazer o socorro ao setor elétrico “de forma equilibrada”.
“No fundo, a conta é do contribuinte. Não fazemos milagre. Tesouro não consegue gerar, pode taxar e depois devolver sob forma de benefícios”, afirmou.
“Pior seria colocar tudo no consumidor, diretamente. A solução encontrada é a que menos traz problemas para o consumidor.”